O DEVIR DO TEMPO

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

UM PAÍS de GASTADORES

Todos gostamos quando Medina Carreira vem aos meios de comunicação falar acerca do estado da nação. Eu também gosto de o ouvir. No programa Prós e Contras da RTP foi bom ouvil-lo - assim como também é bom ouvi-lo no Plano Inclinado da SIC-Noticias, apresentado por Mário Crespo (excelente jornalista).

Mas, aquilo que Medina Carreira (que parece ser um homem das direitas) diz, dizem todos os outros economistas, a começar, claro, por todos aqueles que são afectos ao PS.

"É PRECISO CORTAR A DESPESA!"

É esta a frase mais ouvida da boca de todos aqueles que de economia entendem bem.
"OS PORTUGUESES VIVEM ACIMA DAS SUAS POSSES". É outra das frases que se ouve da boca de quem sabe. Há números que nos indicam que, num universo de cerca de 9 milhões de pessoas em idade de produzir, apenas 3 milhões o fazem - pelo menos segundo atestam as declarações de IRS e os dados da Segurança Social. Aqui começam os graves problemas com que nos estamos a deparar. É que, até aqueles que auferem ordenados baixos têm uma vida sem regras e vivem a crédito, muitas vezes comprando bens de que não necessitam, ou (esta é a melhor parte) nem sabem utilizar muito bem."AS FAMILIAS ESQUECERAM-SE DE POUPAR."Esta é outra das frases que se ouviram da boca dos economistas. O português gasta muito daquilo que ganha em coisas acessórias que em nada contribuem para o melhoramento da sua qualidade de vida. Assim como acontece nas outras sociedades modernas, tornou-se um consumista, um gastador. Só que, nos outros países são produzidas riquezas, no nosso país não se produz o suficiente para equilibrar aquilo que se consome.
"OS PORTUGUESES ESTÃO HABITUADOS A VIVER NUM PAÍS TIPO PARAÍSO, EM QUE SÓ EXISTEM DIREITOS E NÃO HÁ RESPONSABILIDADES." Outra frase lapidar das que foram ouvidas. E Medina Carrira completa:"...e essa ideia de falta de empenho e de responsabilidade começa por lhe ser dada já na própria escola."
Isto está tudo mal pensado e mal planeado e instalou-se no país a "cultura do medo de falar verdade", diziam uns quantos. Os partidos optaram por falar de falsas verdades e, assim, contornar a verdade que afecta o país, por meras questões de medo de represálias do eleitorado. Grande conclusão da noite Prós e Contras: "SOMOS TODOS CULPADOS!"

Congelar salários será uma medida que não vai contribuir para a solução, apenas irá atenuar o sintoma da doença. Foi focado o exemplo da Irlanda que fez cortes drásticos na despesa fazendo cortes percentuais nos salários dos funcionários públicos, altos funcionários (mesmo gestores privados) e outras despesas directas do estado.
TODOS foram unânimes: o caminho a seguir aqui em Portugal parece ter que ser o mesmo, para que se possa chegar a bom porto com esta questão.Não é pela via dos impostos que se vai resolver o problema - defendiam todos - a despesa é que tem de ser reduzida drasticamente.

Portanto, meus amigos, é melhor começarmo-nos a preparar para o que aí vem nestes próximos tempos:


- redução dos salários dos funcionários públicos;

- forte possibilidade de redução drástica do estado (que se irá traduzir em desemprego no sector estatal);

- redução dos salários dos altos quadros (mesmo das empresas privadas);


- reavaliação do investimento público no sector das redes viárias e obras públicas (o projecto do TGV será, provavelmente, adiado);


- a lógica do "utilizador/pagador" vai ser aplicada às actuais SCUTs, aliviando a despesa do estado português em cerca de 700 milhões de Euros anuais.


Meus amigos:

Como dizem os nossos economistas - e muito bem!! - o país e o Estado SOMOS TODOS NÓS. É preciso que retorne a cultura de poupança de forma a que os dinheiros das familias e os dinheiros públicos sejam utilizados racionalmente.


Cumprimentos a Todos

1 comentário:

  1. Embora me reveja no seu blogue e nos seus interesses, não concordo com a questão de outorgar tudo o quanto existe há mão invisível, privada e cruel das empresas de domínos da esfera pública e que necessitão por norma da intervenção solidária do Estado. Deve-se sim, controlar o acesso ao crédito, questionar-se a política de investimento e não obrigar as classes média e baixa a pagarem pela crise. É preciso manter minimamente o status quo, promover o poder de investimento da classe média. O problema passa muito por questões de gestão e falta de ética e pela falta de mecanismos reguladores primando pela justiça e pela ética na economia. Seria injusto obrigar os estratos mais baixos a pagar a alta factura desses mesmos erros.

    Concerteza essa será igualmente a sua opinião,

    Cumprimentos
    http://ensaio-sobre-a-estupidez.blogspot.com/

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